A morte bate à porta. Eu abro e a convido a entrar. Trocamos olhares de esperança e temor. Convido-a a se sentar. Ela passa os dedos nas rosas brancas da mesa e pergunta:
“Tem café?”
“Não tem. Serve chá?”
Ela assente com o rosto e puxa o banco para se sentar. Eu esquento a água, corto duas folhas de cidreira, respiro fundo e sinto o perfume se espalhar por toda a cozinha. Pego uma xícara de cerâmica e sirvo a minha visita.
Ela aceita o chá de bom grado, toma um gole de olhos fechados e, ao devolver a xícara à mesa, estende a mão em minha direção:
“Quer dizer alguma coisa antes de partir?”
“Posso fazer a prece de Cáritas?”
A brisa balança as cortinas da sala. A xícara fica em temperatura ambiente. Deito minha cabeça na mesa como uma criança que dorme em cima dos livros.
Ilustração: Fernanda Gaspar @f.gathaspar
Suas palavras trouxeram leveza para os dias difíceis! Um abraço, com afeto!
Este texto é brilhante. Se o encontro final pode ter um tom de civilidade e gentileza, todos os demais deveriam ter.